Tuesday, December 18, 2007

Adote um político

A Serena é foda. Essa é única coisa que você precisa saber antes de ler esse post. Minha querida roomie vai lançar no nosso esperado ano de 2008 uma campanha chamada “Adote um político”. E eu, desde já, me comprometo a aderir.
A idéia é simples: escolha um deputado federal, por exemplo, como você já faz de quatro em quatro anos. Antes de votar no cara, certifique-se que suas propostas são boas e condizentes com o que você acredita. Até aí, nada mais que nossa obrigação, certo?
Agora a parte genial. Assim que seu escolhido se eleger, já anote o e-mail do cara e mande um parabéns adicionado do seguinte recado “Oi, meu nome é Fulana e ajudei a te eleger. Por isso, vou estar sempre prestando atenção nas suas atitudes, ok?”. E cumpra essa promessa. O cara chegou ao poder, mande um e-mail. Votou uma emenda contrária do que prometia nas eleições, outro e-mail. Foi envolvido em caso de corrupção? Mande um e-mail beeem desaforado.
Sim, o cara pode nem ler os e-mails que tu mandares. Mas você vai estar cumprindo teu papel de cidadão. E, se várias pessoas fizerem isso e pelo menos um dos políticos responder os e-mails, aos poucos a gente pode ajudar a mudar a política no Brasil.
Pode demorar vários anos, mas tem que começar de algum lugar, certo?
Não podemos esquecer que um país democrático como o Brasil é refém da sua população, pelo menos na teoria.
E já está mais do que na hora de fazer essa teoria virar prática.

Fala aí, a Serena é ou não é foda?

Monday, December 10, 2007

Um Bonde Chamado Desejo


Sim, eu e o Fred continuamos na cruzada para ver todos os 100 filmes essenciais da revista Bravo! Semana passada vimos A Streetcar Name Desire, que ao invés de Um Bonde Chamado Desejo recebeu no Brasil o nome de Uma Rua Chamada Pecado. Pensei em algum motivo racional para o filme ter recebido esse nome de Herbet Richards ou sei lá quem tenha traduzido e a única resposta que consegui pensar foi moralismo. Sim, esse título tupiniquim parece querer transformar em pecado uma história genuína e verdadeira de desejo louco entre um marido e uma mulher, entre uma cunhada e um cunhado e de qualquer expectador por Marlon Brando.

(um parêntese grande: pare e perceba como algumas traduções de filmes tentam impor julgamento nas histórias. Dois casos clássicos, além do de Um Bonde, são o de Annie Hall – traduzido no Brasil bizarramente como Noivo Neurótico, Noiva Nervosa e All About Eve que por aqui recebeu o pesado nome de A Malvada).

Quem não sabe o nome original do filme, passa a assisti-lo com a premissa errada e tranforma A Streetcar Name Desire em uma banal história sobre pecado e lições de moral. Quando na verdade, pelo contrário, é um filme que não julga os personagens, apenas apresenta a história e deixa ao público a missão de delimitar os culpados e inocentes.

É um filme com uma história forte, personagens marcantes e interpretações históricas de Vivien Leigh e Marlo Brando. Brando, aliás, está em sua melhor forma: simplesmente lindo!

Sunday, December 02, 2007

Milhouse - a banda


Nunca pensei que fosse virar tiete de uma banda. Sempre achei isso meio brega. Aquelas meninas que ficam na frente do palco, cantando e gritando sem parar, sabe? Mas bastou meu namorado formar uma banda com seus amigos para eu estar lá, na primeira fila do show cantando e gritando no melhor estilho Penny Lane.
Fazer o quê? So mega fã da Milhouse- a banda dele. Acho o máximo, de verdade.
Ontem eles (Fred - meu namorado, Gabriel, Titi e Ana) fizeram o primeiro show em São Paulo. Foi suuuper legal: os amigos de Curso Abril compareceram em peso, eles tocaram super bem, divertiram a galera, rolou roda punk saudável, mosh no palco, pedidos de bis... Enfim, tudo que shows legais devem ter!
A banda faz um punk brega divertido com várias músicas próprias com pegadas bem humoradas, covers legais de Cascavelletes, Elvis e Beatles mais versões punk de clássicos como Fogo e Paixão, Dormi na Praça.

Se você perdeu a chance de ir neste show, tente ir no próximo, tenho certeza que não vai se arrepender. Se você foi nesse, eu sei que sou suspeita para falar, mas vai dizer que não tava o máximo?

Wednesday, November 28, 2007

Feitos um para o outro

Bom mesmo na vida é ter amigos espertos e legais.
A Renata Aguiar é uma das minhas amigas assim. Legal porque ela é engraçada demais, e o melhor, nem faz esforço para isso. E esperta porque sempre está ligada nas coisas que as pessoas falam para ela. Quer um exemplo? Algum dia da minha vida, falei para ela que Harry e Sally- Feitos um para o Outro era um dos meus filmes favoritos no mundo e que estava há séculos procurando o DVD para comprar, sem sucesso.
Eu nem me lembrava que tinha falado isso para ela. Mas ela, esperta, não esqueceu. Adivinhem minha alegria quando recebi uma ligação dela, no sábado de tarde, dizendo que estava na FNAC, com o filme na mão! Se eu queria que ela comprasse para mim? Claaaaro que queria!!!
Recebi o filme na terça e no mesmo dia já estava ao lado do meu namorado no sofá vendo o filme. Ele nem sabia, mas tinha meio que a obrigação de gostar do filme! Sério! Vi esse Harry e Sally tantas vezes que ele ajudou na minha formação amorosa. ( e olha só como é a vida: de tanto ver a história de dois melhores amigos que se apaixonam, acabei por me apaixonar pelo meu!)
Quando, já nos primeiro minutos de filme, meu namorado começou a rir, senti que ele tinha passado no teste! Ufa!
Ainda não viu este filme? Corre para a locadora ou fica amiga da Renata! ( a segunda o opção vai ser bem mais legal para tua vida, eu garanto!)

Friday, November 16, 2007

100 filmes essenciais

A revista Bravo! lançou um especial que junta duas coisas que eu adoro: listas e filmes. O especial 100 Filmes Essenciais traz uma relação de películas que mudaram a história da sétima arte. Talvez os cinéfilos mais acalorados tenham milhares de críticas para a lista. Fiz minhas contas e já assisti 49. Claro que faltaram produções. Vários filmes que eu acho maravilhosos ficaram de fora. Ah? Mas quer saber? Não importa. Todos os filmes da lista, estão lá por alguma razão. E, mesmo que seja para poder falar mal de alguns, decidi que vou assistir todos.
No último final de semana, por exemplo, já risquei mais três da lista vendo A General e Ladrões de Bicicleta, A felicidade não se compra. O primeiro é uma comédia de cinema mudo que, admito, comecei a ver só para "riscar da lista" mas me surpreendeu positivamente com algumas tiradas engraçadas e bem produzidas. Ladrões é um filme sofrido e tocante que se passa na pobre Itália do pós-guerra. Mas desses três o que mais me emocionou foi A felicidade não se compra.
O diretor Frank Capra mostra que é mesmo um gênio. Consegue transformar um filme que podia ser apenas mais um história boba de Natal, em um tocante clássico de fazer qualquer pessoa chorar. E não estou falando de mim, não (sei que eu não conto como referência na hora de chorar). Mas vi muito homem forte derramar algumas boas lágrimas no emocionate final do filme.

Ela é feia, mas está na moda

Finalmente chega ao Brasil uma das série mais comentadas no ano passado nos Estados Unidos. Ugly Betty é uma adaptação – produzida pela atriz Salma Hayek - da novela colombiana Yo Soy Betty La Fea que foi transmitida por aqui pela RedeTV! Vocês lembram? Eu e minha mãe éramos viciadas na história! Betty Soares é QUASE uma mocinha como outra qualquer: é inteligente, bondosa e romântica. Só um detalhe a distancia de outras protagonistas: Betty é feia, muito feia. E para piorar ela começa a trabalhar numa empresa de moda cheia de modelos lindas! Lá ela se apaixona pelo chefe que, claro, é um gato e não dá mínima para ela. A cômica e fofa série que já faturou prêmios no Globo de Ouro e no Emmy promete também conquistar os brasileiros. Eu só tenho um probleminha: estou sem tv a cabo em casa. Alguém está a fim de companhia para assistir as aventuras da Feia?

"Nine out of ten movie stars make me cry"

Adoro ler, gosto de ouvir músicas e dançar. Mas sem dúvida nenhuma, o prazer cultura que vai ao topo do meu Top 5 é o cinema. São sempre duas horas emocinantes de completa concentração, entrando de cabeça nas histórias.
Nós últimos dez anos, tenho mantido uma média de 25, 26 idas ao cinema no ano (sim, eu anoto todas). O que quer dizer que, sem contar filmes que vejo em casa, vou ao cinema mais de duas vezes por mês. Acho que é um bom número.
Mas os lançamentos nem são meu tipo de filme favorito. Sou fascinada mesmo por clássicos e filmes antigos. Audrey Hepburn, Elizabeth Taylor, Humphrey Bogart, Clark Gable e todo o glamour de Hollywood me fazem suspirar e delirar. E quase sempre chorar, claro. Sim, de romances a filmes de guerra: chorar com a sétima arte para mim não é exceção, é regra. E acho que o mais mágico no cinema é isso, mesmo: o poder com que consegue me emocionar de uma forma simplesmente genuína.

Wednesday, November 07, 2007

Confissões I

Odeio academia com todas as minhas forças.
É não é pelos exercícios físicos, não.
Tá certo que puxar ferro está fora de cogitação na minha vida. Mas correr na esteira e fazer aeróbica eu até que aguento. Dizer que gosto já seria um pouco de exageiro.
Mas o que me faz não suportar, ficar mau humorada e de cara amarrada toda vez que vou ao "centro de fitness" perto da minha casa não são os exercícios. São (tchã,tchã, tchã) as PESSOAS de academia!!!
Ai, juro, só de pensar que terei que ouvir certas conversas com um sorriso mais que amarelo na cara, fico com vontade de nem sair do sofá.
Fez que outra, quando tomo coragem, respiro fundo e vou. Afinal fiz a tremenda burrice de fazer um plano trimenstral. Não me perguntem onde eu estava com a cabeça quando assinei aqueles três cheques pré-datados. Deve ter sido a inveja da barriga da instrutora...
Já reconhecendo minha prévia indisposição para o templo do físico, aprendi a ir preparada: livro de baixo do braço e mp3 player carregado, sempre (não, eu não tenho Ipod).
Dou um "boa dia" ou "boa noite" para as pessoas ao redor, coloco os fones e beijos e tchau.
Juro que sou uma pessoal legal, extrovertida e tudo mais.
Mas não preciso fazer novos amigos. Sobretudo em academias.
Dá última vez que fui, um intrutor veio me perguntar:
- Quer que eu ligue a televisão enquando tu ficas na bicicleta?
- Não, obrigada. Eu vou ler um livro.
- Ler um livro, sério???
Pela cara que o musculoso fez achei que ia soar uma sirene, iam soltar cachorros brabos e um voz ia dizer "é proibido ler livros neste local". Mas ele só me encarou um pouco mais e completou:
- Essa é nova.
Nem respondi. Dei um sorrisso amarelo e aumentei o som do mp3. Beijos e tchau.

Monday, November 05, 2007

Fofocas adolescentes

Têm hábitos que são infanto-juvenis mais tenho certeza que vou levar para o resto da vida.
Tomar Nescau de manhã, por exemplo. Adoro. Não me venham com cafés-pretos e cappuccinos. Sou feliz com meu achocolatado matinal com sete vitaminas e minerais.
Já da outra coisa que percebi que vou gostar o resto vida, juro que achei que estava curada.
Sem televisão a cabo em casa, acreditei que tinha terminado minha era de viciada em séries.
Pura ilusão.
Hoje assisti no Youtube, divido em cinco partes, o primeiro episódio de Gossip Girls.
A cada parte que acabava e outra que eu colocava para carregar, percebia: nunca vou me cansar de ver dramas adolescentes.
Desde Barrados no Baile, passando por Dawnson's Creek, The O.C. e chegando em Gossip, vejo que acho divertidamente fascinante histórias de melhores amigas, namoros, traições, primeiras vezes, etc.
Gossip Girls tem tudo isso e alguns elementos a mais que instigam o telespectador. Tem fofoca e intriga. E uma personagem (Serena) que volta à cidade querendo mudar tudo e ser boazinha. Só que o histórico dela não ajuda: ela havia fugido pois tinha transado, em segredo, com o namorado da melhor amiga. Blair, a melhor amiga que não sabia de nada, é virgem e esperava que ela e o namorado perdessem a virgindade juntos!!!
Sentiram o drama?
É pura emoção digna de novela mexinca.
Mas se passa no Upper East Side e os jovens são lindos, bens vestidos e com pais complicados.
Terminei de assistir o episódio e fiquei louca para saber mais!
Será que Blair vai perdoar Serena? Não sei.
Só sei que já tenho programa para amanhã: preparar um Nescau e ver alguns dos episódios que coloquei para baixar...

Dando a cara a tapa

Qual é o grande drama?
Milhares de pessoas têm blogs e escrevem suas divagações diárias por aqui.
Resolvi deixar a insegurança de lado e me expor um pouco também.
Afinal qual o sentido de ter um blog que só eu e meu namorado lêem?
A graça do diário online é que ele não tem cadeados com os de papel.
Agora é oficial: Bem vindos ao mundo de Bárbara dos Anjos Lima.
Espero que vocês se divirtam.

Sunday, November 04, 2007

Da série: Frases legais

Esse final de semana vi (duas vezes por sinal) um delicioso filme italiano chamado Manual do Amor. Uma das frases do longa, que narra os estágios de um relacionamento, me chamou a atenção. Ao ver a guria que está interessado ficar com um ex, um dos "mocinhos" da trama diz o seguinte:
"Mulheres, quando estão sozinhas, preferem a voltar para traz do que andar para frente".
Outch!
Que mulher já não fez uma cagada dessas?
Encanar/ voltar a ficar com ex, mesmo sabendo que é um erro?
E pior, deixando de enxergar algum cara legal que está ao seu lado, e à disposição para uma nova história que pode dar certo?
Ainda bem que já passei dessa fase...
Minha mãe disse uma vez: "Parece que as mulheres tem que ter alguns Daniel Cliver na vida para dar valor ao seu Mark Darcy quando ele aparecer". (sim, isso é uma referência à Bridget Jones).
É isso. Só vale a pena ter um Daniel Cliver na vida se for para aprender que esse tipo de homem não presta, não vale a pena.
A vida ao lado de seu Mark Darcy é muuuito melhor.
Mais leve, feliz e colorida.
Certezas de quem já encontrou um Mark Darcy para chamar de seu.

Friday, November 02, 2007

Mania de peitão...

Já tentei várias vezes entender os homens. Na verdade, por muito tempo eu achava que nem tinha tanta coisa para entender: ingênua, eu achava que o gênero era o menor dos aspectos para definir uma personalidade. Típico erro de principiante.
Quando eu vejo um cara virando o pescoço para checar a bunda de alguma guria, ouço meu namorados e os amigos falando de alguma famosa gostosa ou escuto alguma cantada esdrúxula na rua percebo: não há como negar a existência de hormônio chamado testosterona.
Posso ser menininha demais, mas não deixo de me sentir em um açougue. Quando a testosterona bate forte na(s) cabeça(s) dos homens, mulher fica dividida em pedaços. Não adianta ter lido Saramago ou gostar de Fellini. Viramos apenas bundas, coxas ou (no meu caso) peitos. E se, para algumas mulheres, isso pode parecer elogio, para mim não é mesmo!
A única coisa que consigo pensar "é como reagir?". Já existem mulheres que tratam homens do mesmo jeito, há outras que ignoram o fato. Não consigo me encaixar em nenhum dos grupo. Qual será minha saída? Aceito sugestões.

Sunday, October 14, 2007

Rock do bem


Bono Vox não é o único roqueiro preocupado em defender boas causas. Aliás, está longe disso. Vários ídolos aproveitam sua fama para lutar por justiça e um mundo melhor. A banda americana System of a Down está nesta lista de músicos engajados.

Um dos filmes que participa da Perspectiva Internacional da 31ª Mostra prova isso. O documentário Screamers, da diretora Carla Garapedian, mostra a luta dos integrantes do System of a Down para que os governos americano e inglês reconheçam o genocídio feito contra o povo armênio em 1915. O massacre, que matou cerca de 1,5 milhão de pessoas, é até hoje negado pela Turquia.

O filme acompanha essa campanha e uma turnê da banda - toda formada por descendentes de armênios -, além de discutir outros genocídios da história, como o Holocausto e os que aconteceram em Ruanda, Bósnia, Iraque e o que vem ocorrendo em Darfur.

Durante os 91 minutos de filme, são mostradas cenas chocantes de crimes cruéis contra a humanidade, tristes histórias de sobreviventes e análises de políticos, historiadores e outros especialistas sobre os massacres.

Saí da sessão para a imprensa do filme com um peso nas costas e aquele sensação de que é preciso fazer alguma coisa para que as pessoas parem de sofrer em vão. Espero que esse filme cause a mesma impressão em mais pessoas.

Friday, October 12, 2007

5x1: João Gordo

Quando eu era pré adolescente eu não gostava de punks.
Pensava naqueles caras fedidos que andavam no centro de Porto Alegre, com os cabelos espetados e roupas rasgadas.
Também lembrava do arroto que o João Gordo dava no começo de uma regravação do hino do Palmeiras, feita para um CD da revista Placar. Até hoje sei o hino da maioria dos times brasileiros, menos o do alviverde paulista, que eu sempre pulava.
Só na adolescencia fui descobrir que várias das bandas que eu ouvia e gostava eram punks ou tinham inspiração no ritmo. Pô, porque ninguém tinha me contado que Clash era punk?
Alguns anos após minhas - tímidas, admito- incursões pelo mundo do punk rock acabei por chegar aqui: namoro um punk e entrevistei (juntos com outros amigos) o João Gordo.
E descobri que o tal arrotão se tornou em simpático e esforçado pai de família.
Veja vocês:
** Além de mim, fazem parte do time do "5 contra um": Artur Louback, Felipe Van Deursen, Gustavo Heidrich e Fred Di Giacomo (o namorado punk)

Tuesday, October 09, 2007

Verdades femininas

Elas tinham combinado de almoçar no sábado, mas três delas acordaram de ressaca e uma delas insistia em não atender o celular. "Deve estar dando para algum cara desconhecido" pensou Clara enquanto tentava ligar para Ana pela quinta vez. Depois do sinal chamar três vezes, desistiu. Já eram três da tarde e ela estava com fome.
Quando foi abrir a geladeira para procurar alguma fruta perdida ou iogurte vencido seu celular tocou. Era Cláudia, uma das outras amigas do almoço furado.
_Vamos comer, vamos. Vou passar na casa da Letícia depois passo aí. Tu ligas para Ana?
_Já liguei para Ana mais de cinco vezes. Ela não atende o celular.
_ Humpf! Deve estar dando para algum cara desconhecido. – Cláudia falou o que Clara não teve coragem de dizer em voz alta.
Cláudia encostou o carro popular que dividia com a mãe em frente ao prédio de Clara uns 20 minutos depois da conversa. Durante esse meio tempo, Clara trocou de roupa umas 10 vezes, alternando saia florida com blusa preta, blusa preta com calça jeans, calça jeans com blusa branca e por fim blusa branca com saia florida.
Verdade feminina número um: armários podem ser os melhores e os piores amigos de uma garota, não importa o número de roupas que ele guarde.
Quando Clara entrou no carro, Letícia comentou, sem maldade e quase resignada:
_O dia que não esperarmos tu trocares trocentas vezes de roupa, vou achar que tu foste abduzida e trocaram teu corpo por um ET.
- Hahaha, engraçadinha. Vocês têm que me aceitar como amiga na alegria e na doença, tá?
_Elelê, calma lá - gritou Cláudia enquanto acendia um cigarro. Não penso nem em casar com homem, que dirá fazer juramento eterno com mulher.

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As três partiram rumo ao bairro boêmio da cidade, que durante o dia se tornava um lugar cool e quase família. Os bares que há poucas horas estavam lotados de bêbados, agora recebiam famílias neo hippies e jovens casais alternativos.
O garçom chegou e as gurias pediram em coro cocas-diet com gelo e limão, receita infalível para curar a ressaca. Para comer, pediram uma porção de polenta, filé aperitivo e salada. Típicas mulheres que eram, tinham a esperança de se encher de salada e esquecer da polenta. Quase sempre acontecia ao contrário: a salada era deixada de lado e novas porções de polenta eram pedidas.
As quatro – as três do bar mais a amiga "desaparecida" – se reuniam quase sempre nas tardes de sábado para falar da vida, de homens e de sexo. Não, não as confunda com as voluptuosas, chiques e experientes mulheres de Sex and City, com seus quase quarenta anos e cheias de experiências sexuais. Essas amigas eram jovens adultas, recém formadas, em seus primeiros empregos remunerados e ainda imaturas em seus relacionamentos.
Se conheciam há uns dez anos, quando ainda estavam dando seus primeiros beijos. Durante essa década de amizade, passaram por namoros, perdas de virgindade, traições, abandonos, pés-na-bunda e outras coisas mais. Os pais de uma se separam, a avó preferida da outra morreu. Uma amiga de todas teve que fazer um aborto, de um namorado desnecessário do final da adolescência. Todos dramas enfrentados com a ajuda uma das outras.
Letícia pediu a palavra assim que tomou seu primeiro gole de refrigerante e se sentiu acordada e recuperada suficiente para falar da noite anterior:


_ Então, eu e o Diego transamos ontem de noite.
_ Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh
Um grito coletivo tomou conta da mesa. Letícia tinha sido a última das amigas a perder a virgindade e era retraída sexualmente. Tinha mil e uma encanações, vergonhas e travas. Se achava pouco sexy e atraente. Tudo invenção da sua cabeça: Letícia era magra, tinha lindos cabelos lisos e castanhos, com um corte pelo ombro, peitos bem avantajados e um tipo verdadeiramente intelectual que fazia dezenas de homens ficarem de quatro.


_ Conta tudo! – disseram as outras duas amigas em coro, ao mesmo tempo que o celular de Clara tocou.
_ Ah, é a Ana. Oi Ana? Onde tu está, sua louca? Ahã? Quê? Está bem, está bem. Me escuta: estamos no Pingüim num almoço tardio. Vem para cá que a Letícia finalmente deu para o Diego ontem!
Clara desligou o celular, revirou os olhos e fez o resumo. Sim, ela estava com um cara desconhecido. Sim, ela tinha transado com ele. Não, ela não sabia direito quem era o cara. Mas ela queria saber tudo da Letícia e do Diego, então ia encontrar as amigas no bar.
Letícia respirou fundo. Devia esperar Ana chegar para contar a história? Não, não de jeito nenhum!!! Ela que contasse a história duas vezes, pois as amigas estavam ansiosas.

_Ok. Depois da balada, ele falou que ia me dar carona para casa. Aproveitei que estava bêbada e soltei um "porque não vamos para a tua?". Ele me olhou um pouco assuntado, mas concordou, com um leve sorriso nos lábios. Quando chegamos no apartamento dele, quase mudei de idéia: logo na entrada, tropecei num carrinho de corrida, que fez um barulhão. Pensei que ele podia ter um filho, sei lá. Mas era pior: aquele carrinho era do irmão de nove anos. Sim, ele me levou para a casa dos pais dele. E os velhos estavam lá!
_ Puta que pariu, é brincadeira isso, né? Porque o cara não te levou para um motel, sei lá?
_ Ah, não sei. Acho que se ele falasse "vamos para um motel?" eu diria que não. Mas enfim, quando descobri que os pais dele estavam em casa eu surtei. Falei que ia embora, que não ia ter coragem de ficar lá. Mas não sei se era porque eu estava bêbada, com tesão, ou quê. Sei que ele me convenceu a ficar. E fomos para o quarto dele.
_ Oi amigaaas!
Ana tinha chegado no bar, para interromper o melhor da história.
_ Como tu chegou tão rápido aqui? – quis saber Clara.
_ Ah, o Rodrigo me trouxe.
_ E quem vem a ser o Rodrigo?
_ O cara que eu fiquei ontem, né?
As outras três fizeram um "aahhhh" coletivo e Cláudia completou:
_ Está bem, esse Rodrigo pode ser a segunda história da tarde. Agora estamos falando da Letícia e do Diego.
_Ah! Jura? Conta de novo! O que eu perdi?
_ Ela intimou o cara para transar e ele a levou para a casa dos pais dele.
_ Quê???
_ Calma, não foi bem assim.
Letícia repetiu uma versão mais curta da história, engatou para a ida dos dois ao quarto, as roupas sendo jogadas no chão e começo das preliminares.
_ Ele te tocou? Fez sexo oral? Tu gozou? _ Clara estava ansiosa por detalhes. Nutria uma certa preocupação com a relação da amiga com o sexo. Achava que toda a encanação dela a fazia perder a melhor parte.
_ Ahh, ele me tocou. Foi beeem bom, mas eu não sei se eu gozei, não. E depois, na hora do sexo...
_ Ai, Lê, o que aconteceu? Não me diz que o guri broxou? – perguntou Cláudia, que sempre previa o pior.
_ Não, não. Mas talvez fosse até melhor. Porque ele demorou, viu?
_ Como assim demorou?
_Ah, sei lá. Pareceu que ele ficou hooooooooooras em cima de mim. Juro! Deu até tédio. Um certo momento eu vi uma cutícula saltando na minha unha, fiquei pensando se tinha alicate e lixa na bolsa para dar um jeito quando ele saísse de cima de mim. Ou seja: ele demorou tanto para gozar que eu fique ausente.
_ Ai, amiga, que triste. Mas ele não viu que tu estavas entediada, não tentou te animar?
_ Pior que não, viu? Ah, mas eu até entendo ele, na hora que estamos lá, no clímax, a gente pensa que a outra pessoa está curtindo também, né? E quer saber no outro dia de manhã, ele foi tão fofo comigo, me levou café da manhã na cama e tudo.
Verdade feminina número dois: uma boa parte das mulheres prefere carinho na manhã seguinte do que satisfação na hora do sexo.
_ Espera, e a pergunta mais importante do dia: como tu fez para sair sem ser vista pela família dele?
Letícia ficou com as maçãs do rosto vermelhas quando disse que aproveitou o banho da mãe, a distração do pai vendo o jogo e ausência do irmão para sair, pé ante pé, pela saída de serviço.
Na saída do prédio, ainda teve que ouvir um "bom dia" do porteiro. Olhou no relógio, viu que eram 9 da manhã e sentiu uma pontada dor de cabeça, primeiro sinal da ressaca que sentiria durante aquele dia. Catou seus óculos escuros na bolsa e ao colocá-los nos rosto retrucou o porteiro:
_ Bom dia pra quem?

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Letícia mal terminou sua história e Ana começou a dela. Mas para aquele grupo de amigas, as aventuras sexuais da jovem advogada eram um tanto entediantes e até revoltantes. Quase sempre era a mesma coisa. Ela ia para a balada com a virilha em chamas. Sério, estava para nascer uma mulher com o desejo sexual mais forte que o dela. Quase toda a semana era a mesma coisa e naquela não parecia ter sido diferente. Ana bebeu algumas a mais, se encantou por cara e soltou uma isca certeira para ele. Esse era uma dos méritos dela. Ela sabia escolher o cara exato para satisfazer os seus desejos sexuais. As amigas nunca souberam qual era a tática. Ela não escolhia os com cara de mais tarados ou os mais bonitos. Mas ela sempre sabia escolher os que estavam a fim de a acompanhar em suas maratonas sexuais.
Na noite anterior, Ana e o tal Rodrigo beberam juntos até ás 5 da manhã. Fecharam o primeiro bar às 4h. As amigas foram para a casa e ela arranjou forças para ir com o pretê para o bar seguinte, onde ficou até a hora que os dois foram para o apartamento dela. Transaram, gozaram, trocaram muitas carícias, mas não intimidades nem número de telefone. Fim.
As amigas de Ana tinham a teoria que um dos motivos mais fortes que a fizeram sair da casa dos pais era a possibilidade de liberdade sexual completa que ela conquistou com seu apartamento. Decorado de forma cool e despojada, o quarto-e-sala dela devia ter recebido, no mínimo, uns 10 caras, em seu 8 meses como locatária. O prédio dela era pequeno, quase inabitado e sem porteiros para encher o saco. Ana costumava dizer que, isso sim, era liberdade sexual: nenhum homenzinho de uniforme azul contando os caras que entravam e saiam da casa dela.
Ana já tinha tido vários namorados e, mesmo assim, conseguia ser que mais tinha transado com caras diferentes entre as amigas. Entre uma decepção amorosa e outra, chegou a transar com algumas mulheres. Mas descobriu que aquilo não era para ela: sentia falta de um pau. E sentia sempre: duas semanas sem sexo para ela, era uma eternidade.
Às vezes, Clara se sentia estranha ouvindo todas as histórias da amiga. Há uns seis meses, ela tinha passado pelo o que se pode chamar de seca sexual. Entre um final de um caso mega mal resolvido e o primeiro carinha X que ela transou foram mais de onze meses.
Quase um ano, na verdade. Quando faltava uma semana para fechar 365 dias sexo, Clara se desesperou: ligou para um ex-colega da faculdade que sempre dava em cima dela e, na maior cara dura, o convidou para ir ao aniversário de uma amiga-de-uma-amiga qualquer, só com a desculpa de que estava pensando em fazer o mesmo curso de pós que ele em Barcelona e precisava de umas informações.
Verdade feminina número quatro: Sim, as mulheres têm relação afetiva com o sexo. Mas sabem, perfeitamente, usar (e abusar) de um disk-foda quando a situação pede.
O nome do tal ex-colega era Marcelo e ele andava de moto. Clara não sabia se achava aquilo sexy ou brega. Mas sabia que estava precisando fazer sexo, urgentemente. Quando ele ofereceu para buscá-la em casa, Clara agradeceu, mas disse que iria de táxi, os dois se encontrariam lá.
A tal festa da amiga-da-amiga era num pub com ar descolado, mas que só tocava música pop. Logo que Clara chegou, deu de cara com um cara sentando num banquinho, com um violão tocando algum hit dos anos 80. Gostou da música, mas não da voz do cara.
Cumprimentou alguns amigos e conhecidos, sentou, pediu uma cerveja e duas músicas depois o pretê chegou.
Marcelo caminhou até ela meio tímido, reconhecendo o lugar. Clara aproveitou a caminhada do rapaz para observá-lo: estava com uma camisa pólo verde-musgo e a barba por fazer – uma dupla extremamente atrativa na opinião da garota. A avaliação do moço caiu um pouco quando Clara percebeu que ele carregava o capacete embaixo do braço direito. Tinha decretado: definitivamente motoqueiros não eram sexies.
Rapidamente, Clara afastou aqueles pensamentos da cabeça. Naquela noite não importava. O que ela queria era fazer sexo, acabar com sua seca e pronto. Mas de repente, quando o moço sentou a lado dela e começaram a conversar, ela começou a repensar a situação. Ela mal conhecia o cara, será que ia ser bom? Será que ele ia tratá-la bem?

Preocupada com esses pensamentos de ‘mulherzinha’, convidou seu par para tomar uma tequila. Tomaram uma, duas, três. Se beijaram pela primeira vez entre a segunda e a terceira. E quando Marcelo pensou em pedir a quarta, Clara sugeriu que pagassem a conta e fossem para a casa dela.

Clara até hoje não sabe se foi a tequila, a sede de sexo que estava ou a potência de Marcelo, mesmo. Ela só sabe que naquele dia quente de verão transou quatro vezes seguidas, quase sem parar. Posições, orais, mordidas e beijos fortes: a noite foi inesquecível.

Adormeceu sozinha depois do banho frio que tomaram juntos. Já eram 8 da manhã quando ele pegou o famigerado capacete e foi para casa. Na cama, ela dormiu com um sorriso nos lábios vendo todas aquelas embalagens de camisinhas jogadas no chão.

Depois daquela noite, desencontros marcaram a história dos dois. Primeiro, Clara viajou por uma semana, a trabalho. Depois ele tirou férias e sumiu por quinze dias. Na última vez que se viram, Clara estava ficando com um cara qualquer e ficou sem jeito de falar com ele.

Nos últimos cinco meses, os dois não se esbarram mais. Mas ao lembrar dessa história, Clara checou a agenda de seu celular, para conferir se ainda tinha o telefone de Marcelo. Só para poder usar, da próxima vez que precisar...

Verdade feminina número quatro: mulheres também guardam uma lista de telefones de caras para ligar, just in case...
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Perdida nas lembranças do Marcelo, Clara nem percebeu quando Cláudia começou a falar sobre seu namoro com o Ricardo. Os dois estavam juntos há quatro meses e ela era única do grupo num relacionamento naquela época.

_ Pô, gurias. Bem que vocês podiam ir num desses churrascos da turma do Ricardo, né? Eu juro que ele tem uns amigos bonitinhos...

_ Ai, Cláudia, não leva a mal não. Eu adoro o Ricardo, mas aquele bando de amigos engenheiros e playboys, eu não agüento, não. – disse Letícia, sendo porta-voz das outras três.

_ Pior é que vocês estão certas. Eu amo o Ricardo, sabe? Mas aqueles amigos dele são uns malas. Sinto tanta falta de vocês... Acho que eu e o Ricardo estamos juntos demais, quase não vejo mais vocês. E além do mais, ando achando ele meio grudento.

_ Cala a boca, Cláudia! Não vai ter mais um ataque de insegurança e desejo irreal de voltar a ser solteira. Tu estás com um cara que tu amas e que te ama. É tudo que a gente fica procurando, noite após noite nessas baladas... – sentenciou Clara, deixando a amiga reflexiva.

Verdade feminina número cinco: Mulheres têm tanto medo de relacionamentos quantos os homens.

Naquela noite de sábado as amigas não saíram juntas. Clara e Letícia foram a um bar de jazz. Clara até tentou, mas não teve coragem de ligar para Marcelo. Lê recebeu uma carinhosa e promissora mensagem em seu celular, enviada por Diego. Cláudia decidiu ficar em casa vendo um filme com Ricardo. Já Ana ainda estava pensando no que fazer. As amigas a convidaram para o bar de jazz. Mas ficar sentada num lugar contemplativo ao sm de uma música quase introspectiva não fazia nem um pouco o estilo dela. Quando o relógio bateu a meia-noite não teve dúvida: colocou se vestido preto decotado de guerra e foi para alguma balada sozinha.

Verdade feminina número seis: carência é a pior inimiga das mulheres.

*** Bárbara dos Anjos Lima (15 de setembro de 2007)

A dama de preto chega sem avisar

O telefone tocou antes das sete da manhã. Clara odiava quando o telefone tocava antes das sete da manhã. Nunca era coisa boa. Quase sempre era alguma amiga bêbada, precisando de cuidados e pedindo abrigo em sua casa. Mas naquela manhã nublada de janeiro a ligação traria uma notícia pior.

Os primeiros toques do celular chegaram nos sonhos de Clara. No começo ela achou que fosse o sino de uma igreja gótica, às margens do rio Sena. Depois percebeu que nunca tinha saído do Brasil, muito menos a Paris. Só podia ser o despertador do celular. Mas era sábado, porra. Será que ela tinha programado o celular, sem querer, no final de semana?

Tinha na época 22 anos. Odiava acordar cedo com todas as suas forças. Mas estava no último ano da faculdade, fazendo estágio, trabalho de conclusão, com medo do mercado de trabalho e acordando todo dia às sete e meia da manhã para ir ouvir um velho repórter frustrado falar sobre o papel da mídia na sociedade moderna ou uma quarentona descolada explicar como conquistava suas fontes.

Clara virou para lado e buscou seu celular. Olhou no visor “Pai chamando”. Definitivamente não era coisa boa. Tinha herdado de seu pai a repulsa por acordar cedo. Se o velho estava ligando naquela hora, boa coisa não era.

_Alô... (voz saiu falhada, como toda voz sai ao acordar)

_ Oi filha. Ahã, a tua tia acabou de me ligar. A vó, a minha mãe... A tua vó morreu.

Tudo ficou turvo na vista de Clara. Será que o sonho as margens do Sena tinha virado um pesadelo? Sua avó tinha estado no hospital no mês anterior. Mas já estava melhor, tinha voltado para casa. Ela tinha falado com a avó no telefone ontem. O que mesmo que tinha falado? Será que Clara tinha falado o quanto a amava? O símbolo de mulher forte que representava para a neta? Na semana seguinte elas tinham combinado de almoçar juntas. Dona Alice não desmarcava compromissos, principalmente com a neta. Como tudo aquilo podia estar acontecendo?

_ Filha, tu está aí? Está me ouvindo? Vou pegar teu irmão, quer que eu passe aí? Vamos nos reunir na casa da mãe, digo, do pai...

Clara se sentiu um tanto egoísta. Perdida em seus pensamentos nem se tocara que ela tinha perdido sua avó, mas seu pai tinha perdido a mãe. Devia estar mais confuso e desnorteado que ela.

_ Não pai, não precisa. Vou falar com a mãe. Vou com ela. Nos encontramos lá, está bem? Já, já estou indo para lá também.

Depois de desligar o telefone, Clara respirou fundo três vezes. Queria se controlar antes de bater na porta do quarto da mãe. Queria ensaiar alguma maneira de contar a notícia de um jeito bom. Não conseguiu. Levantou na cama, se olhou no espelho e começou a chorar. Sem parar. Soluçar. Até que, sem querer, soltou um grito, que acordou a mãe:

_ O que houve minha filha? O que aconteceu? Me fala...

_ A vó Alice, mãe. A vó Alice... Morreu.

A mãe de Clara também perdeu o chão. Tinha se separado do pai da menina há mais de 10 anos, mas seguiu com um relacionamento muito forte com a ex-sogra. O carinho que a matriarca da família Abeu tinha pela mãe de seus netos era muito grande e a recíproca verdadeira.

Toda vez que Clara pensava na relação da avó com alguém sentia que aquele dia ia ser um dos mais difíceis da sua vida. E seria um dia longo. Ao abraçar a mãe viu por cima do seu ombro que nem dez minutos tinham passado desde que ela tinha recebido a terrível notícia. Para ela, parecia que já estava sofrendo há horas.

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“Lavar o rosto, escolher uma roupa. Para quem ligar? Devo avisar minhas amigas? Será que alguém já ligou para minha prima? Que roupa eu coloco? Para que tudo isso? Ai, meu avô deve estar muito mal...” Clara não conseguia organizar os pensamentos. Só sabia que não queria ficar sozinha. Que queria estar perto da família, perto de gente que entendesse o que ela estava passando.

Sem nem perceber, colocou o vestido roxo que avó tinha lhe dado de presente no último Natal. A mãe falou para ela comer. Tentou suco, leite, bolacha de água e sal. Nada desceu. Desistiram do café e foram encontrar o resto da família.

No táxi, a caminho da casas dos avós, Clara prestou atenção em cada curva, árvore e rua do caminho. Através das lentes dos óculos escuros avistou na esquina da casa, seu pai e seu irmão descendo do carro. Desceu do táxi, caminhou até seu pai e o abraçou por longos segundos, sem conseguir dizer uma palavra.

Dentro da casa, o clima era de praticidade. A tia mais velha de Clara tinha assumido o controle da situação. Tinha feito uma lista e ficava disparando perguntando aos outros familiares. “Ligaram para o Fulano? Encomendaram as flores? Quem faz o anuncio para o jornal?”, disparava.

No meio do mar de perguntas e respostas, Clara avistou seu avô. Sentando numa poltrona no canto da sala, ele olhava fixamente para um ponto na parede, sem mal piscar. A neta se aproximou para abraçá-lo e ele disse:

_ Ela estava bem, vimos um filme e conversamos ontem de noite. Ela falou que ia almoçar contigo semana que vem. Ela me deu um beijo no rosto antes de dormir...Daí de madrugada acordei com um gemido forte e o peso do corpo dela caindo no meu corpo. Foi tudo tão rápido. Chamamos médico, ambulância, mas já era tarde demais...

Então era assim que a morte chegava: de repente, pensou Clara. A avó era a primeira pessoa próxima dela que morria. A outra avó era mais distante dela, mas estava viva em bem disposta numa cidade do interior. Já o outro avô morrera cedo, quando ela tinha menos de cinco anos e pouca capacidade de lembrar.

A morte chegava perto da vida dela só agora, depois do 20 anos. A maioria das amigas já tinha passado por isso com avós, tios-avós ou até pais. Mas Clara se via lidando com algo que ela não estava preparada. E logo com avó que ela era tão próxima, tão íntima, tão ligada.

A jovem sentou ao lado do avô e ficou tentado pensar em algo para dizer, mas nada lhe ocorreu. Poucos minutos depois, alguém veio ver se Clara e o avô queriam comer algo. Ela ainda não conseguia pensar em comer. Mas não queria ficar mais na sala, quase que sem função e resolveu ajudar a tia a servir café para as pessoas. Se não conseguia ter palavras para acalentar ninguém, servindo fortes doses de cafeína para a família colaboraria de alguma maneira.

Depois do pai e dos tios resolverem algumas coisas pendentes, a família seguiu para o cemitério. Quando era mais nova Clara tinha fascínio por lugares sombrios. Perdeu a conta das vezes que atravessou, por pura curiosidade, o cemitério que tinha ao do seu colégio. Achava que era um lugar calmo e tranqüilo. Mas naquele dia, mesmo antes de chegar ao local do enterro, Clara soube que sua imagem de cemitério mudaria. No mínimo, seria o palco de um dos piores dias da vida dela.

Assim que chegou na capela grande, onde a avó fora colocada, Clara suou frio. Já haviam algumas pessoas lá, sentadas ao redor do caixão, contemplativas. Entre tias-avós, vizinhas e primas de sua avó, estava seu avô. O velho patriarca da família Abreu escolheu a cadeira mais perto do caixão onde estava sua mulher e dali não saiu a tarde inteira.

Os avós eram um símbolo para Clara. Um símbolo de casal realmente apaixonado depois de mais 50 anos de união. Um símbolo de força, disposição, inteligência. Quando viu aquela cena temeu pelo futuro do seu Francisco, que não teria mais sua ‘nega’ ao seu lado.

Pé ante pé, Clara caminhou até aquele corpo que representava tanto para ela. Lembrou de Natais, brincadeiras, de deitar ao lado da avó na cama e assisti-la tricotar. “Vó, faz um vestido para minha boneca? E um para mim, faz também?”.

Aquilo era muito estranho. O corpo, as roupas e o perfume eram da avó. Mas chegou bem perto do caixão e viu, no rosto deitado, uma expressão que não reconheceu. Respirou fundo e saiu de perto. Não fazia sentido nenhum ficar por perto: a avó não estava mais por aqui.

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Surpreendentemente, boa parte daquela tarde não foi tão sofrida para a neta da dona Alice. Muitas pessoas circularam pela funeral. Amigos, parentes próximos e distantes. Seu tio chegou de Brasília no meio da tarde. Uma irmã da avó veio às pressas do exterior. Todos que chegavam faziam questão de falar com seu Francisco e alguns conversavam com Clara. Condolências, abraços e muitas memórias.

Um primo lembrou da deliciosa ambrosia feita pela avó. Uma ex-vizinha da família recordou os cartões que sempre recebia pelo correio, todo Natal e aniversário. Um tio falou do bom humor da mãe e o irmão lembrou que ela sempre falava demais.

Durante o clima de recordações. Clara pensou que a avó merecia estar ali ouvindo as pessoas falarem tão bem dela. Questionou a vida após a morte, a eternidade, o fim da vida - mas como sempre no caso dela, não chegou a nenhuma conclusão.

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Foi na hora da missa final que Clara sentiu a maior dor. O padre falou palavras motivadoras de agradecimento e superação. Em vão. Quase todos no recinto choravam.

Na hora da última oração seu Francisco pegou na mão da mulher. Os dois, sempre tão católicos, iam juntos à missa, quase todo domingo. Durante o Pai Nosso a família se rendeu: as tias de Clara choraram alto, o pai e o tio de Clara, ateus por convicção, homenagearam a fé da mãe e repetiram a oração que não rezavam desde a pré-adolescência.

Clara segurou forte na mão do irmão que chorava tanto ou mais que ela. A dor do vazio tomou conta do coração dela. Era isso. A avó tinha partido. Teve vontade de gritar, clamar por justiça. Dona Alice não ia ver sua neta mais velha se formar na faculdade? Não iria ao casamento de um dos netos daqui menos de seis meses? Clara não aprendera a fazer ambrosia e parecia estar esquecendo o gosto do famoso doce da avó enquanto anunciavam o fechamento do caixão. A vida parecia injusta demais.

Dos momentos finais do sepultamento, quase ninguém da família lembra. Estavam todos inebriados por lágrimas, tristeza e dor. Clara estava lá, mas também pouco recorda, estava quase que anestesiada por aquele dia cansativo.

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Durante a semana seguinte Clara tentou processar a dor. Racionalizou a morte e tentou desviar seus pensamentos da dor. Acabou conseguindo. Não que o vazio tivesse sido preenchido e não existisse mais. As saudades da avó agora iriam durar para sempre. Mas, aos poucos, a dor iria ficar mais escondida entre outros sentimentos. Clara só torcia para que fossem sentimentos felizes.

A moça se permitiu mergulhar na dor mais uma vez naquela semana. No dia do almoço marcado, a Clara abriu a agenda e viu escrito “almoço com a vó: confirmar lugar”. Quase todos os almoços das duas eram no mesmo restaurante, num shopping perto da casa da avó. No dia marcado, Clara foi até o lugar. Sentou sozinha, pediu um prato e almoçou de óculos escuros, na tentativa que os garçons não percebessem que ela chorava. Em vão.

Thursday, September 13, 2007

Pequena pólis

Levamos cerca de seis horas para percorrer os quase 500 quilômetros que nos levaram até a pequena cidade do noroeste paulista. Lembro de uma certa hora, já passada mais de metade da viagem, em que me perguntei se a cidade tinha que ser assim, tão longe.

Entre conversas boas e divertidas e algumas divagações que tivemos ao longo da estrada, ao som de Red Hot, Los Hermamos e Led Zepelin, só tive realmente minha resposta ao chegar ao nosso destino.

Já na entrada da cidade, vi o céu tão azul, senti a tranqüilidade tão profunda, o clima tão sereno e ao respirar o ar tão puro consegui entender: cada uma das centenas de quilômetros viajados foram preciosos e precisos.

Só indo assim, tão longe, para que a poluição não nos alcançasse. Só longe assim para que prédios, fumaça, má educação, trânsito e estresse se tornassem uma memória distante.

Quando cheguei lá e coloquei meu pé na grama, descobri um sentimento totalmente bucólico e uma espécie de nostalgia de uma vida que nunca pensei que um dia gostaria de ter.

Na volta a São Paulo, quando uma moto se atravessou em frente ao nosso carro e os sons das primeiras buzinas começaram a soar que eu, finalmente, percebi que eu não nasci para essa cidade.

Monday, September 10, 2007

Escrito em 4 de setembro

Acordo cansada. Tenho me sentido assim nos últimos dias. Minhas noites de sono têm sido repletas de insônia, pesadelos e suores frios. Que fim levou meu sono tranqüilo?
Um dia me disseram que eu tinha talento e potencial. Só que – inebriada pelo elogio- não prestei muita atenção em que. Talvez tenham me avisado que eu era boa para um trabalho cansativo, repetitivo ou sacal. Talvez, seu eu apenas tivesse prestado mais atenção não teria essas crises de decepção e frustração.
Dentro do ônibus a caminho do trabalho enfrento – em pé e amassada- um (até) curto trajeto para o trabalho. Mas hoje não adianta. È muito trabalho, noites de sono roubadas e uma maldita dor nas costas que coloca no meu corpo o peso da vida adulta.
Tenho a sensação que tudo parece tão real e ao mesmo tempo distante. É como se eu tivesse correndo até muito bem uma maratona, mas sempre faltasse fôlego para ultrapassar o primeiros colocados.
Na São Silvestre da minha vida, ainda tenho muitas quenianas para ultrapassar. Mas de onde tirar forças quando parece que estou gastando minha energia na categoria errada?
Preciso decidir se mudo de treino ou de categoria.
Mas agora estou muito cansada. Até para isso.

Saturday, September 01, 2007

À vida adulta! Tim-tim!

Talvez eu devesse ter pensando um pouco mais antes de ir embora. Agora em casa vejo o relógio trocar de 00:59 para 01:00 e penso que é muito cedo para estar em casa, especialmente num sábado à noite.
Mas a verdade é que meu corpo já não é mais o mesmo de uns anos atrás. Nem minha vida, na verdade. Faço plantão sábado de tarde e não tenho mais a mesma força para beber num bar com amigos do meu namorado – que, vá lá, não é o convite mais tentador do universo.
O problema é minha mente. Ela ainda não está acostumada com esse corpo adulto. Ainda penso como uma adolescente e queria ter a força que tinha aos 20 anos. O papo é nostálgico e brega, eu sei. Ainda mais porque tenho só 25. Mas a verdade é que meu pique mudou. Especialmente nesse último ano, com a vida em São Paulo, com o trabalho recheado de horas extras, plantões e cobranças. Não tenho cabelos brancos, mas tenho dores nas costas e na cabeça.
Quando estava no bar, há quinze minutos atrás, tudo com que eu sonhava era com uma cama para me estirar, num quarto devidamente escurecido com luzes apagas e monitor do computador desligado, somente reproduzindo um calmo jazz para me relaxar.
Mas agora estou aqui. Sem sono, pensando em todos os jovens adultos que estão por aí, ainda com forças para beber sem sentir o peso da vida adulta, por mais que a vivam. Ano passado eu era assim, poxa. Fazia todas as festas e acordava no dia seguinte para trabalhar, sem reclamar nem pestanejar. Por que será que agora meu corpo pede socorro e eu bocejo numa mesa de bar, mesmo que esteja em frente a uma skol gelada e batendo um papo simpático?
Eis que eu ergo, comigo mesma, um brinde à vida adulta – com um copo de água, claro, já que a cerveja ficou lá, na agora distante, mesa de bar. Bem vinda à vida das dores nas costas, do cansaço e do trabalho chato. E mais do que nunca, bem vinda à vida que, muitas vezes, a diversão está em chegar em casa o mais rápido possível – e não em sair de casa e para voltar o mais tão tarde quanto os bares estiverem abertos.

Thursday, August 09, 2007

Melô do hipocondríaco

Fiz uma música pela primeira vez!
Não sei ainda se acho que está boa, não sei se um dia vou ter coragem de mostrar para alguém. mas enfim, aí segue ela!
vivas! ;)


Melô do hipocondríaco

Quando eu era mais novo não tinha medo de nada
Agora dores nas costas me deixam encucado
Tenho uma gaveta de remédios sempre lotada
E leio as bulas como se fossem importantes tratados

Se eu sinto uma dor no braço já penso em marcar um médico
Qualquer mancha na pele já me deixa preocupado
Corro para a farmácia, procuro a solução em algum no remédio

Hipocondríaco
Acho que sou
Hipocondríaco
Eu sei que sou
Hipocondríaco
Mas será que dessa vez não estou doente de verdade?

Trato a secretaria do meu médico pelo nome
E sei de cor seu telefone
Queria o doutor entre meus amigos
E para agradar, dou presentes de Natal para seus filhos

Meu livro de cabeceira é o guia do convênio
Procuro na internet respostas para minhas dores
E todos os dias mando dúvidas para meu médico por e-mail

Hipocondríaco
Acho que sou
Hipocondríaco
Eu sei que sou
Hipocondríaco
Mas será que dessa vez não estou doente de verdade?

Mari Mariana

A Mariana foi uma guria que sempre me chamou a atenção por ter dois aspectos bem diferentes na sua personalidade. Sempre que a encontro durante o dia, ela está com roupas sóbrias, óculos de grau e sem maquiagem. Já quando encontro de noite, parece que ela se transforma: sempre muito bem maquiada, com roupas que abusam dos decotes e saltos altos.

Formada em engenharia de produção há quase dois anos, a Mariana “do dia” trabalha, desde então, numa área de gestão de pessoas de uma multinacional. Ela adora o emprego, apesar de reclamar sempre que tem que trabalhar nos feriados- a empresa em que trabalha se baseia num calendário americano.

Já durante a noite, a Mariana gosta mesmo é de sair para dançar. Todo o final de semana ela marca presença nas baladas da Cidade Baixa, bairro boêmio de Porto Alegre, cidade onde mora. Aliás, um dos sonhos da Mari, como é chamada pelas amigas, é sair da casa dos pais e ir morar em algum apartamento bem legal perto dos barzinhos que tanto adora freqüentar. Outra coisa que a Mari adora fazer, como quase todo porto-alegrense, é ir para parques nos finais de semana, tomar chimarrão e curtir o sol.

Além curtir baladas e os parques da cidade, Mariana têm poucos hobbies. Ela detesta ver televisão, não tem paciência para ler e anda cansada de ficar conversando com amigos no msn ou em outros meios da Internet. Por isso, ela se juntou à algumas amigas e resolveu aderir a uma das novas modas em Porto Alegre: os cursos de dança de salão. Assim, além de divertir, ela perde calorias - a moça de 25 anos vive brigando com a balança.

Mari está solteira e não se cansa de procurar pretendentes. Quase todo o final de semana ela fica com cara diferente, mas já faz mais de três anos que ela não namora sério. Ela tem uma lista de pré-requisitos que espera que seu futuro namorado preencha e por isso diz não ter pressa para sair da vida de solteira. Até porque em seus planos próximos está uma mega viagem para os Estados Unidos, para fazer um curso de especialização. E ela acha que um namorado só vai atrapalhar os planos dessa viagem.

A ida para os States, inclusive, está quase certa. Falta acertar os últimos detalhes da licença de seis meses que empresa vai ceder para ela e alguns reais. Mas a Mari já sabe de onde vai tirar essa grana: vai vender seu carro, um gol azul marinho que ela chama de Azulão.

E quando a Mariana partir para Boston vai deixar dois vazios na vida das suas amigas: além das saudades da amiga, elas vão sentir falta do Azulão, fiel companheiro de transporte de baladas, já que a Mari e a única das amigas que tem carro do grupo.

Monday, August 06, 2007

Número 2

Se tem uma coisa que eu não tenho vergonha de falar é de cocô.
E nem sei porque deveria ter.
Sinceramente, não entendo o que faz o assunto ser cortado de rodas de conversa.

Quer algo mais universal que cagar?
Eu cago, tu cagas, ele caga.

Aposto que o Brad Pitt já sofreu uma diarréia e tenho certeza que a Victoria Beckham,
no alto de sua anorexia, já tomou vááários remédios para evacuar e emagrecer.

E a Paris Hilton? Eu ia a-do-rar ouvir as histórias da patricinha e das dificuldades
dela para fazer suas "necessidades" na cadeia.

Já passei noites engraçadíssimas falando e ouvindo histórias escatológicas de alguns amigos.
Elas são sempre divertidas e contadas em tom de segredo.

Será que é por isso que tenho fascínio por essas histórias? Será mais uma característica da minha personalidade de jornalista se manifestando? Mais uma vez, é a curiosidade pela intimidade (mesmo) dos outros que me fascina?

Pode ser que sim.

A verdade é que se tu tiveres uma boa ( engraçada) história de número dois para contar, eu serei toda ouvidos. Mas, prepare-se, também, para ouvir as minhas...

Sunday, August 05, 2007

Desabafo

De repetente me dá raiva de tudo.
Mal consigo me manter em mim.
Penso que vou explodir, mas nem isso eu quero.
Quero ficar quieta não meu canto sem ninguém perto de mim.


Merda de banco que me cobra taxas erradas.
Que também vão à merda grupos de amigos que me convidam para bares em bairros diferentes. Não quero decidir nada.
Não quero ver ninguém.

E egoísta, eu sei.
Me sinto culpada e me dá mais raiva ainda do meu jeito de ser/pensar/ agir.

Será que consigo ficar em casa e não avisar ninguém.
Se eu ficar quieta no meu canto, será que ninguém me incomodar?

Aaaaaaargh

Sinto raiva do meu namorado.
E mais culpa por me sentir assim.

Sinto raiva, muita raiva minha.
Que não consigo mais ir aos lugares sozinhas sem ele.

COMO ASSIM?

Sempre fui independente.
Que merda é essa eu acontecesse comigo agora?


E o banco, droga do banco que vou ter que ir,amanhã ao meio-dia.
Para resolver problemas de vida adulta.

Saco.

Quero ficar em casa e ver televisão.
Será que alguém me entende?

Azar.

Não é para fazer sentido. É só para desabafar mesmo.

Saturday, August 04, 2007

Natural de Porto Alegre

Atravesso a avenida Paulista como se tivesse feito isso a vida toda.
Não me sinto mais uma estrangeira em São Paulo.
Conheço quase todas baladas da Augusta e da Vila Madalena, algumas da Barra Funda e faço questão de não conhecer as da Vila Olímpia.
Já dou informações na rua "sim, esse ônibus passa aqui" "ah, é só pegar a terceira a direita".
Até meu sotaque já parece mais daqui do que do Sul.
Não sou paulista.
Sou gauchona faca na bota. Ainda falo "bah" "tu" "tri".
Mas começo frases com "então", me surpreendo e falo "noooosa", e acho algumas coisas "mó legais".

Sou gaúcha.
Mas acho que ESTOU paulista...

Bah.
Noooosa.

Thursday, August 02, 2007

...

Fui dormir às 5h da manhã, bêbada.
Acordei às 8h30h, bêbada.
Cheguei no trabalho às 9h20, atrasada e de ressaca.
Sentei na minha mesa pronta para acionar o piloto automático e trabalhar até às 17h em ponto sem pensar muito em nada que não seja minha cama.
Não consegui.
Numa sucessão de problemas digna de uma comédia de erros, o clímax é fica por conta do sistema, que não quer funcionar direito.
E nem é o meu sistema, o que seria bem mais justo.
É o da firrrrma, mesmo.


E ainda faltam mais de quatro horas eu voltar para mim cama.
3h59
3h58
e por aí vou contando...

Wednesday, August 01, 2007

Viajar de ônibus

Em tempos de caos aéreo, o caminho mais rápido para ir de São Paulo a Porto Alegre começa na rodoviária Tietê