Monday, October 23, 2006

Um quarto fechado

Completados um quarto de século de vida, passo a primeira régua.
Não quero dizer que eu vá viver até os cem, mas é um bom momento de fazer uma análise de como tem sido o jogo da vida até aqui.
Se estou e sentindo velha? Não.
Aprendi, já faz um tempo, que o que importa não é a idade que fazemos e sim as como estão as coisas até aqui.
Então vamos a (pequeno) check list:
- saúde: descontando um ou outro dia de ressaca, sigo aí para todas;
- independência financeira: acabar o mês alguns reais no negativo é ser independente financeiramente sim! O dinheiro ainda não compra organização, mas me faz pensar sobre isso em Buenos Aires!
- vida sentimental: grandes amigos novos e velhos bons amigos. Estou bem servida nessa área. Destaque para o novo velho amigo que virou o ótimo novo namorado.

Sigamos em frente!

Tuesday, October 17, 2006

Baco, Baco, deus do vinho...

Eu gosto de como meu corpo reage ao vinho.
Gosto de sentir o doce nos lábios, no sangue e no pensamento.
Gosto desse sentimento levemente alcoolizado que surge e que é diferente dos outros. O vinho – unido ao som de Elis cantando Tom e Vinicius – me deixa suavemente bêbada, calmamente exaltada.
A Bárbara bêbada da cor vermelho escura é diferente da bêbada amarelada pela cerveja.
Passo a língua em meus lábios repetidas e repetidas vezes.
É o vinho que me excita ou eu que me excito com o vinho?
O vinho é vermelho cor paixão ou o paixão é vermelha cor de vinho?
Um suspiro.
Dois.
Três suspiros emocionados.
E mais um brinde a Baco por uma noite em que vou dormir com paixão no corpo e no sangue.

Pura ilusão, apague a luz.

Lembro que quando era pré-adolescente fazia aquelas brincadeiras de cruzar o nome do guri que eu gostava com o meu, para saber se o ele sentia por mim. Geralmente, a reposta ficava entre saudades, amor, amizade, ódio ou ilusão. Mas o que mais me intrigava, no alto das minhas paixões platônicas de 12 e 13 anos, era quando o resultado era ilusão.
A "ilusão" era encarada como uma coisa ruim pelas minhas amigas, mas não para mim. Afinal, ilusão era tudo o que tinha com esses meninos. Um era meu colega de classe outro uma série mais velho. Provavelmente nem sabiam que eu gostava deles (e que escrevia nome dos nossos filhos, juntando nossos sobrenomes para ver se combinavam) e se sabiam, preferiam jogar futebol.
Tudo o que eu tinha com eles era a ilusão mesmo e aquilo me fazia feliz, e não triste. Sonhar com declarações de amor deles, com namoros no portão da escola e andar de mão dadas na hora do intervalo era bom e pronto.
Só alguns anos mais tarde fui entender e sentir a verdadeira dor de ser iludida. Mentir para si mesmo pode ser a pior mentira, mas comigo eu me entendo. Quando eu tinha 12 anos eu sabia que estava inventando. Doeu de verdade aos 18, 19 anos quando me fizeram acreditar. E quem me explicou o que aconteceu foi o dicionário. "Promessa de prazer, felicidade, durabilidade etc. que se revela decepcionante, dolorosa ou efêmera; esperança vã; decepção, desilusão". Quem disse que Houaiss não foi poeta?