Lembro que quando era pré-adolescente fazia aquelas brincadeiras de cruzar o nome do guri que eu gostava com o meu, para saber se o ele sentia por mim. Geralmente, a reposta ficava entre saudades, amor, amizade, ódio ou ilusão. Mas o que mais me intrigava, no alto das minhas paixões platônicas de 12 e 13 anos, era quando o resultado era ilusão.
A "ilusão" era encarada como uma coisa ruim pelas minhas amigas, mas não para mim. Afinal, ilusão era tudo o que tinha com esses meninos. Um era meu colega de classe outro uma série mais velho. Provavelmente nem sabiam que eu gostava deles (e que escrevia nome dos nossos filhos, juntando nossos sobrenomes para ver se combinavam) e se sabiam, preferiam jogar futebol.
Tudo o que eu tinha com eles era a ilusão mesmo e aquilo me fazia feliz, e não triste. Sonhar com declarações de amor deles, com namoros no portão da escola e andar de mão dadas na hora do intervalo era bom e pronto.
Só alguns anos mais tarde fui entender e sentir a verdadeira dor de ser iludida. Mentir para si mesmo pode ser a pior mentira, mas comigo eu me entendo. Quando eu tinha 12 anos eu sabia que estava inventando. Doeu de verdade aos 18, 19 anos quando me fizeram acreditar. E quem me explicou o que aconteceu foi o dicionário. "Promessa de prazer, felicidade, durabilidade etc. que se revela decepcionante, dolorosa ou efêmera; esperança vã; decepção, desilusão". Quem disse que Houaiss não foi poeta?
Tuesday, October 17, 2006
Pura ilusão, apague a luz.
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