Apartamento 84

Era uma casa muito engraçada, não tinha ordem, não tinha regra.
Mas tinha muito amor, compreensão e cerveja na geladeira, para relaxar no fim daqueles dias estressantes ou simplesmente para quando a gente quisesse bater um papo na sala e descontrair.
E o mais estranho - ou fantástico- é que as moradoras dessa casa, sem nem serem muito amigas, logo viraram irmãs. E que, mesmo sem regras e alguma bagunça, a coisa funcionava.
Chegar em casa era sempre aconchegante. Mesmo quando a geladeira ficou na sala ou quando a pia caiu de tanta louça suja num pós-esquenta. Até mesmo antes de um sofá novo e decente chegar.
Às vezes uma das três fazia algo genial, como lembrar de que tinha acabado o papel higiênico ou comprar cerveja sem que as outras precisassem falar. E o pedido ‘Casa comigo?’ era entoado, recebendo sempre a mesma reposta: ‘já somos casadas, babe’.
Foi um casamento feliz. Durante dois anos, fui muito grata por voltar para casa e saber que minhas roomies estariam lá ou pelo menos por saber que lá era nossa casa: tinha nosso jeito, nossa admistração um pouco anárquica mas sem egoísmos ou estressses.
Vou sentir muita falta dos conselhos e da praticidade da Serena e das loucuras e divagações da Glenda. Vou sentir saudades das sessões de Sex and City e Big Brother, dos abraços roomies e das conversas bobas que viravam longos papos.
Acho que só não vou sentir saudades da fila matinal do banheiro.