Levamos cerca de seis horas para percorrer os quase 500 quilômetros que nos levaram até a pequena cidade do noroeste paulista. Lembro de uma certa hora, já passada mais de metade da viagem, em que me perguntei se a cidade tinha que ser assim, tão longe.
Entre conversas boas e divertidas e algumas divagações que tivemos ao longo da estrada, ao som de Red Hot, Los Hermamos e Led Zepelin, só tive realmente minha resposta ao chegar ao nosso destino.
Já na entrada da cidade, vi o céu tão azul, senti a tranqüilidade tão profunda, o clima tão sereno e ao respirar o ar tão puro consegui entender: cada uma das centenas de quilômetros viajados foram preciosos e precisos.
Só indo assim, tão longe, para que a poluição não nos alcançasse. Só longe assim para que prédios, fumaça, má educação, trânsito e estresse se tornassem uma memória distante.
Quando cheguei lá e coloquei meu pé na grama, descobri um sentimento totalmente bucólico e uma espécie de nostalgia de uma vida que nunca pensei que um dia gostaria de ter.
Na volta a São Paulo, quando uma moto se atravessou em frente ao nosso carro e os sons das primeiras buzinas começaram a soar que eu, finalmente, percebi que eu não nasci para essa cidade.