Thursday, September 13, 2007

Pequena pólis

Levamos cerca de seis horas para percorrer os quase 500 quilômetros que nos levaram até a pequena cidade do noroeste paulista. Lembro de uma certa hora, já passada mais de metade da viagem, em que me perguntei se a cidade tinha que ser assim, tão longe.

Entre conversas boas e divertidas e algumas divagações que tivemos ao longo da estrada, ao som de Red Hot, Los Hermamos e Led Zepelin, só tive realmente minha resposta ao chegar ao nosso destino.

Já na entrada da cidade, vi o céu tão azul, senti a tranqüilidade tão profunda, o clima tão sereno e ao respirar o ar tão puro consegui entender: cada uma das centenas de quilômetros viajados foram preciosos e precisos.

Só indo assim, tão longe, para que a poluição não nos alcançasse. Só longe assim para que prédios, fumaça, má educação, trânsito e estresse se tornassem uma memória distante.

Quando cheguei lá e coloquei meu pé na grama, descobri um sentimento totalmente bucólico e uma espécie de nostalgia de uma vida que nunca pensei que um dia gostaria de ter.

Na volta a São Paulo, quando uma moto se atravessou em frente ao nosso carro e os sons das primeiras buzinas começaram a soar que eu, finalmente, percebi que eu não nasci para essa cidade.

Monday, September 10, 2007

Escrito em 4 de setembro

Acordo cansada. Tenho me sentido assim nos últimos dias. Minhas noites de sono têm sido repletas de insônia, pesadelos e suores frios. Que fim levou meu sono tranqüilo?
Um dia me disseram que eu tinha talento e potencial. Só que – inebriada pelo elogio- não prestei muita atenção em que. Talvez tenham me avisado que eu era boa para um trabalho cansativo, repetitivo ou sacal. Talvez, seu eu apenas tivesse prestado mais atenção não teria essas crises de decepção e frustração.
Dentro do ônibus a caminho do trabalho enfrento – em pé e amassada- um (até) curto trajeto para o trabalho. Mas hoje não adianta. È muito trabalho, noites de sono roubadas e uma maldita dor nas costas que coloca no meu corpo o peso da vida adulta.
Tenho a sensação que tudo parece tão real e ao mesmo tempo distante. É como se eu tivesse correndo até muito bem uma maratona, mas sempre faltasse fôlego para ultrapassar o primeiros colocados.
Na São Silvestre da minha vida, ainda tenho muitas quenianas para ultrapassar. Mas de onde tirar forças quando parece que estou gastando minha energia na categoria errada?
Preciso decidir se mudo de treino ou de categoria.
Mas agora estou muito cansada. Até para isso.

Saturday, September 01, 2007

À vida adulta! Tim-tim!

Talvez eu devesse ter pensando um pouco mais antes de ir embora. Agora em casa vejo o relógio trocar de 00:59 para 01:00 e penso que é muito cedo para estar em casa, especialmente num sábado à noite.
Mas a verdade é que meu corpo já não é mais o mesmo de uns anos atrás. Nem minha vida, na verdade. Faço plantão sábado de tarde e não tenho mais a mesma força para beber num bar com amigos do meu namorado – que, vá lá, não é o convite mais tentador do universo.
O problema é minha mente. Ela ainda não está acostumada com esse corpo adulto. Ainda penso como uma adolescente e queria ter a força que tinha aos 20 anos. O papo é nostálgico e brega, eu sei. Ainda mais porque tenho só 25. Mas a verdade é que meu pique mudou. Especialmente nesse último ano, com a vida em São Paulo, com o trabalho recheado de horas extras, plantões e cobranças. Não tenho cabelos brancos, mas tenho dores nas costas e na cabeça.
Quando estava no bar, há quinze minutos atrás, tudo com que eu sonhava era com uma cama para me estirar, num quarto devidamente escurecido com luzes apagas e monitor do computador desligado, somente reproduzindo um calmo jazz para me relaxar.
Mas agora estou aqui. Sem sono, pensando em todos os jovens adultos que estão por aí, ainda com forças para beber sem sentir o peso da vida adulta, por mais que a vivam. Ano passado eu era assim, poxa. Fazia todas as festas e acordava no dia seguinte para trabalhar, sem reclamar nem pestanejar. Por que será que agora meu corpo pede socorro e eu bocejo numa mesa de bar, mesmo que esteja em frente a uma skol gelada e batendo um papo simpático?
Eis que eu ergo, comigo mesma, um brinde à vida adulta – com um copo de água, claro, já que a cerveja ficou lá, na agora distante, mesa de bar. Bem vinda à vida das dores nas costas, do cansaço e do trabalho chato. E mais do que nunca, bem vinda à vida que, muitas vezes, a diversão está em chegar em casa o mais rápido possível – e não em sair de casa e para voltar o mais tão tarde quanto os bares estiverem abertos.